sábado, 28 de maio de 2011

Sócrates e o que se passa "lá fora"

Brilhantes, os raciocínios do nosso PM.

10 ministros, diz ele, não faz sentido, porque lá fora só há disso em Andorra.

Não quero perder muito tempo em torno desta visão provinciana de ter "lá fora" como argumento, mais a mais porque não vemos o PM a evitar a bancarrota como "lá fora", nem a ter o crescimento económico que se vê "lá fora".

Acho brilhante este critério, que se percebe por entre as luminosas entrelinhas da imensa complexidade mental do PM, de uma espécie de proporcionalidade do número de ministros ao tamanho do País.

Ao imaginar o número de ministros para o governo, imagina-se José Sócrates sentado na mesa da cozinha, chinelos calçados, caneta no canto da boca, olhando o tecto, antes de escrever, afanoso e quase excitado, num dos seus cartões/cábula:

"Andorra - 10 ministros;
Luxemburgo - 12 ministros;
Bélgica - 14 ministros;
Espanha - 25 ministros;
Alemanha - 32 ministros;
E.U.A. - 72 ministros;
Federação Russa - 85 ministros,

logo, Portugal, entre 15 e 24 ministros".

Depois, pousa a caneta e mira-se ao espelho, com o ar orgulhoso de quem pôs fim a mais um enigma, com a mesma energia, convicção e arte com que anos antes lhe saíram da pena aqueles magníficos e já míticos projectos de construção civil da Beira Alta.

Afinal de contas, é nestas alturas que dá jeito ser-se engenheiro

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sócrates

1 - Sócrates pode ser medido pelos resultados da sua governação: bancarrota. Houve crise, houve isto, houve aquilo. Mas houve bancarrota aqui e não houve em todo o lado.

2 - Sócrates foi calculista: devia ter pedido ajuda em Novembro de 2010 (Teixeira dos Santos o disse) e pediu-a a rogo em Abril de 2011

3 - Também pode ser medido pelo seu modus operandi. Falta de diálogo, relação truculenta com o País, com os portugueses, com a Justiça, interpretação criativa dos números, lógica de marketing, as sondagens e as eleições sempre no coração. Se os resultados fossem bons, enfim, teríamos um problema de estilo e de intenções. Mas os resultados são péssimos. Uma má forma, ao serviço de uma má substância.

4 - Sócrates não é uma pessoa preparada para a governação e os resultados estão à vista. Não tem curriculum académico digno de registo; não tem percurso profissional digno de registo. Mas tem curriculum político: 700.000 desempregados, bancarrota...

5 - Não tem uma ideia para o País - e nunca teve. As "renováveis", o "simplex" são evidências. Qualquer um faria o que ele fez. E se não fizesse com a mesma rapidez, talvez tal sucedesse porque o seu alternativo teria estado ocupado a evitar a bancarrota. E, muito provavelmente, outro qualquer a teria evitado.

6 - Sempre achei que Sócrates jamais entraria na história. Infelizmente, a bancarrota assegurou a sua pegada indelével nos nossos manuais futuros. Não seria mau se se tratasse apenas dos manuais. A questão é que a sua pegada estará também nos orçamentos futuros.

7 - As sondagens do empate técnico dão a imagem de um País à beira do abismo. Não se dramatize. O País sobreviverá a Sócrates, até mesmo a mais um mandato Sócrates. Mas este é daqueles momentos da nossa história em que se conservarmos Sócrates na liderança dos nossos destinos perderemos a oportunidade de mudar a estrutura do País, de sair, como diz o povo, "da cepa torta", do nosso devir morno de brandos costumes, sempre em busca de um dinheirito que venha de fora para nos salvar.

8 - Sempre que o País foi o oposto de Sócrates - aqui enquanto conceito de tudo quanto representa - foi grande.

Estamos todos na mão dos indecisos que dirão se podemos avançar já em direcção ao futuro, ou se vamos ter de perder mais dois ou três anos antes de arrancar (mais os 7 ou 8 necessários para rectificar o que nesses se fizer de mal).

segunda-feira, 23 de maio de 2011

As nomeações

Feitas pelo governo de gestão, que se defende com os sofismas da praxe.

Desta feita, não foram ainda publicadas no DR as nomeações para que o próximo governo possa ainda acerca delas reflectir - diz Sócrates, sempre sem corar.

As nomeações foram feitas, pelos vistos, mas quem vier a seguir que decida acerca da publicação do facto já consumado.

Palavras para quê? É um artista português.

A intercampus prevê hoje 39% para o PSD, 33% para o PS e 12% para o CDS. Normalização psico-socio-politico-economica a caminho?

domingo, 22 de maio de 2011

O PS e o "Estado Social"

O PS, no afã de disfarçar a bancarrota a que nos trouxe, pinta-se como campeão do Estado Social e luta contra "liberais" (que é o que não há em Portugal, nem na Europa). A sua estratégia passa por apostar tudo na saúde e educação gratuitas para todos, luta que, claro está, beneficia os ricos, pois que ninguém defende que os pobres não tenham saúde e educação gratuitas.

Eis o cinismo socialista em toda a sua plenitude: a igualdade em defesa dos mais ricos.

Razão tinha (e tem) o senhor meu pai, que sempre trabalhou por conta própria e sempre me disse que se votasse de acordo com o seu interesse egoístico, votaria sempre PS (o que nunca fez).

quinta-feira, 24 de março de 2011

SAÍDA

O homem parece estar a caminho de sair.

Que nada, nem ninguém perturbe tal marcha, tão penosa para o próprio, tão feliz para a Terra que pisa.

terça-feira, 22 de março de 2011

Esquerda e Direita

A esquerda gastou o dinheiro todo e agora a direita vai ter de o arranjar.

Sem deixar de ajudar quem precisa. Mas ajudando só quem precisa.

Sem desmontar o Estado, mas criando um Estado elegante e forte, em vez do Estado obeso e cardíaco que hoje temos.

Um Estado que dê mais do que aquilo que recebe. Que dê a quem nada lhe pode dar e que gaste bem aquilo que muitos lhe dão.

Um Estado que nos proteja, mas sem andar connosco ao colo.

Um Estado que regule, controle e puna o mercado, mas sem jogar nele contra os seus contribuintes. Um Estado que olhe de soslaio os monopólios reais ou aparentes.
Um Estado sem uma televisão para concursos e novelas.

Sem governos civis para nos recordar da doença controleira e jacobina da I República. Sem uma junta de freguesia per capita, sem um Município ao virar de cada esquina.

Um Estado que dê o exemplo, pondo-se sob a Lei e não sobre a Lei, que ame a Justiça e dignifique quem trabalha na Justiça.

Um Estado que promova a liberdade e a verdadeira e não panfletária igualdade de oportunidades: a de uma educação com liberdade de escolha, com reitores fortes e sem conselhos directivos fracos, com exigência, que não trate as criancinhas como pobres imbecis que não podem ouvir um não em criança, para depois o ouvirem a vida toda.

Um Estado que pague salários dignos, mas austeros.

Um Estado que nos sirva a nós, para deixarmos de o servir a ele.

Com menos funcionários públicos, com menos gestores, sem TGV, sem pontes atrás de pontes, com menos auto-estradas que devem vir da riqueza, porque - como está mais do que visto - não geram riqueza.

Um Estado que premeie o trabalho e o mérito, não asfixiando de impostos quem é empreendedor. Um Estado sem a inveja que corrói, sem o complexo do marximos que só se satisfaz quando formos todos pobres e de mão estendida face ao erário.

Um Estado que partilhe funções com a sociedade civil, respeitando as regras da subsidiariedade, que não tente fazer mal e caro, aquilo que todos fazemos melhor e mais barato.

Um Estado capaz de olhar para o passado com todo o respeito, mas nenhum complexo. Um Estado que ensine que às "conquistas de Abril" há que tentar somar todas as outras conquistas que fizemos desde 1143 e que temos conquistas a fazer todos os dias.

Um Estado que partilhe o olhar, piscando o olho à Europa, mas sem perder de vista o nosso destino de sempre: o mar, o ultramar, a América, África, o Oriente.

Menos impostos, mais investimento, mais trabalho, mais dinheiro para quem trabalha.

Para que, enfim, tudo o que não é Estado cresça - e possa florescer o País.

Na linha de Einstein: se fizermos tudo outra vez igual, como esperar que o resultado mude?

segunda-feira, 21 de março de 2011

O Caos

Lacão, Sócrates, Silva Pereira, todos convergem no mesmo: com eleições, o País afunda.

Discordância face ao regime? Se Portugal chegasse mal às eleições no calendário eleitoral normal, estas seriam, ainda assim, perigosas?

As eleições intercalares fazem pior à saúde do que as outras?

As eleições antecipadas de 2005 foram também irresponsabilidade?

De que nos querem estes 3 senhores (mais esse guru da gestão que é Teixeira dos Santos) livrar? De juros insustentáveis? De medidas orçamentais de violência extrema? De insustentáveis impostos? Da falta de prestígio internacional?

Já lhes ocorreu que nos dizem que com eleições corremos o risco de cair onde já estamos?

sexta-feira, 18 de março de 2011

Histórico

O futebol tem muitos problemas e defeitos graves.

Mas a verdade é que não há mais corrupção no futebol do que em outros sectores da nossa vida colectiva.

Os problemas financeiros são grandes, mas ainda assim menores.

E os resultados bem melhores.

Expresso da meia noite

Aquele programa da SIC Notícias sempre a descair para a esquerda pelo complexo ideológico permanente de Ricardo Costa e Nicolau Santos, cuja simpatia pró-PS e pró-Sócrates se nota a cada instante, a cada pergunta, a cada opinião dada. Não que façam por mal. É simplesmente mais forte do que eles. E eles são humanos.

Do programa de hoje, retém-se o pouco que Maria João Rodrigues tem para nos dizer e o baile que Carlos Moeda deu a um deputado do PS chamado João Galamba, que demonstra retórica razoável e... nada mais.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Motu continuo

Sócrates descobriu qual seja. Se a taxa de juro sobe é pela crise política, que não pode existir para não subir a taxa de juro. E defende-o sem rir à gargalhada, demonstrando resistência gástrica notável e contenção emocional impressionante.

Como já se sabia, não brinca em serviço. Os resultados para o País são o que se vê. Mas não brinca em serviço para os atingir...

terça-feira, 15 de março de 2011

O abismo

O PM vai inventando maneiras sem fim de se conservar no poder.
Segundo ele, só a crise internacional nos fez chegar onde estamos.
Segundo Sócrates, o crescimento inferior a 2% que Portugal tinha em 2007 era bom; a dimensão do Estado era a correcta; as parcerias público-privadas estavam bem negociadas.
Segundo ele, precisávamos e continuamos a precisar de grandes e sumptuárias obras públicas, custem o que custarem, ou antes, custem-nos o que custarem.
Segundo ele, a nossa agricultura estava forte e viçosa; a nossa indústria competititiva.
A nossa banca estava excelente, acompanhada de perto pelo olho de lince do Banco de Portugal gerido por Constâncio.
Para Sócrates, o raquitismo da nossa sociedade civil não existe e se existir, nasceu em 2008, com a crise internacional.
A dívida e o endividamento não existiam, nasceram há escassos dois anos e meio.
A produtividade, em 2007, estava, para Sócrates imparável.
Mesmo a meio da "crise internacional" Sócrates dizia (lembram-se?) que o Estado era fundamental para sair da crise e por isso que era importante gastar mais, muito mais, para agravar a crise. Quem lhe dissesse o contrário era "liberal".
Nesta lógica maniqueísta para eleitor ver, os que queriam evitar o abismo (quase todos os grandes economistas do País) eram, para além de liberais, os "velhos do Restelo". A defesa a que Sócrates se agarrava era a de que ele era o garante dos "direitos", do "Estado Social", das conquistas de Abril, do socialismo anti-liberal.
A realidade foi cruel com Sócrates e mais ainda com Portugal.
Foi cruel com Sócrates (o mal menor) porque o tornou numa espécie de FMI-nacional: a cortar fatias inteiras do Estado Social, a atraiçoar os funcionários públicos (a quem Teixeira dos Santos concedeu aumentos salariais de 3% em plena "crise internacional"), a cortar nos subsídios sociais, a aniquilar o abono de família, a diminuir a protecção em caso de desemprego.
Sócrates tornou-se no maior dos liberais portugueses e no pior dos velhos do Restelo: aquele que já nem fala do futuro, porque está apenas centrado em agarrar-se ao poder no presente.
Mas esse seria apenas o mal de Sócrates. E com esse vivemos nós bem.
O pior é essa crueldade voltou a atingir Portugal em cheio. Porque a crise se agravou e porque continuamos com Sócrates numa lógica de governação-marketing.
Hoje, 15 de Março de 2011, o PM está contente porque a taxa de juro a 5 anos "desceu" para 7,8%...
A isto chegamos.
Está a chegar ao fim a era Sócrates. Espero que não seja só desejo e que esteja, como hoje me parece, escrito nas estrelas.
Se assim for, nunca o alívio terá sido tão grande entre nós. Já tivemos muitas crises, mas nunca criadas por tão poucos governantes em tão poucos anos e tão perigosamene graves para o País.
O nosso presente colectivo já foi, no passado, tão mau quanto o presente que hoje temos (ou até pior), mas nunca o futuro esteve tão comprometido.
Já houve momentos em que a nossa sustentatibilidade colectiva esteve posta em crise, mas nunca deixámos de acreditar nela. Hoje temos dúvidas, que devemos a vários governos, mas muito especialmente aos dos últimos 21 anos e mais especialmente aos dos últimos 16 e ainda muito mais especialmente aos dos últimos 6 anos e de modo muito particular a José Sócrates.
Ele tem sido sempre o homem de (como dizia o outro) perante o abismo, dar o passo em frente, sem hesitações, tudo muito simpex e num discurso muito tecnológico e renovável.
Precisamos que vá embora. Não tanto para nos salvarmos deste presente (do qual não há salvação), mas para voltarmos a falar do futuro, a pensar no futuro e a ter futuro.