terça-feira, 22 de março de 2011

Esquerda e Direita

A esquerda gastou o dinheiro todo e agora a direita vai ter de o arranjar.

Sem deixar de ajudar quem precisa. Mas ajudando só quem precisa.

Sem desmontar o Estado, mas criando um Estado elegante e forte, em vez do Estado obeso e cardíaco que hoje temos.

Um Estado que dê mais do que aquilo que recebe. Que dê a quem nada lhe pode dar e que gaste bem aquilo que muitos lhe dão.

Um Estado que nos proteja, mas sem andar connosco ao colo.

Um Estado que regule, controle e puna o mercado, mas sem jogar nele contra os seus contribuintes. Um Estado que olhe de soslaio os monopólios reais ou aparentes.
Um Estado sem uma televisão para concursos e novelas.

Sem governos civis para nos recordar da doença controleira e jacobina da I República. Sem uma junta de freguesia per capita, sem um Município ao virar de cada esquina.

Um Estado que dê o exemplo, pondo-se sob a Lei e não sobre a Lei, que ame a Justiça e dignifique quem trabalha na Justiça.

Um Estado que promova a liberdade e a verdadeira e não panfletária igualdade de oportunidades: a de uma educação com liberdade de escolha, com reitores fortes e sem conselhos directivos fracos, com exigência, que não trate as criancinhas como pobres imbecis que não podem ouvir um não em criança, para depois o ouvirem a vida toda.

Um Estado que pague salários dignos, mas austeros.

Um Estado que nos sirva a nós, para deixarmos de o servir a ele.

Com menos funcionários públicos, com menos gestores, sem TGV, sem pontes atrás de pontes, com menos auto-estradas que devem vir da riqueza, porque - como está mais do que visto - não geram riqueza.

Um Estado que premeie o trabalho e o mérito, não asfixiando de impostos quem é empreendedor. Um Estado sem a inveja que corrói, sem o complexo do marximos que só se satisfaz quando formos todos pobres e de mão estendida face ao erário.

Um Estado que partilhe funções com a sociedade civil, respeitando as regras da subsidiariedade, que não tente fazer mal e caro, aquilo que todos fazemos melhor e mais barato.

Um Estado capaz de olhar para o passado com todo o respeito, mas nenhum complexo. Um Estado que ensine que às "conquistas de Abril" há que tentar somar todas as outras conquistas que fizemos desde 1143 e que temos conquistas a fazer todos os dias.

Um Estado que partilhe o olhar, piscando o olho à Europa, mas sem perder de vista o nosso destino de sempre: o mar, o ultramar, a América, África, o Oriente.

Menos impostos, mais investimento, mais trabalho, mais dinheiro para quem trabalha.

Para que, enfim, tudo o que não é Estado cresça - e possa florescer o País.

Na linha de Einstein: se fizermos tudo outra vez igual, como esperar que o resultado mude?

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