sábado, 31 de outubro de 2009

Governo

Primeiro-Ministro - Marcelo Rebelo de Sousa
Ministro das Finanças - Hernâni Lopes
Ministro da Economia - Pires de Lima (filho)
Ministro da Justiça - Pires de Lima (pai)
Ministro da Administração Interna - Paulo Portas
Ministro da Educação - António Barreto
Ministro da Saúde - Daniel Serrão
Ministro da Defesa - Mota Amaral
Ministro dos Negócios Estrangeiros - António Monteiro

A corrupção

Há muitos problemas que outros povos têm que nós não temos.

Somos hospitaleiros, temos natural capacidade de adaptação a situações novas, somos instintivamente universalistas, temos jeito inato para idiomas, apreciamos boa gastronomia, temos um bom serviço nacional de saúde (mesmo se ainda pudesse ser muito melhor), o nosso clima é excelente, temos dado passos muito importantes em matéria de energia renovável (muito provavelmente a única coisa de jeito de toda a governação socratista e mesmo assim em parte continuação do já antes feito), o País é unido e está até a reconciliar-se consigo mesmo depois da trágica palhaçada do "PREC".

Mas é importante reconhecer que temos um problema estrutural e antigo: a corrupção.

Aliás, é este problema que me faz ficar sempre irritado, ou antes revoltado, cada vez que vejo alguns políticos com ataques fáceis e demagógicos aos magistrados. Porquê? Porque temos bons magistrados (a maioria) e magistrados sérios.

Se não temos melhor Justiça é, essencialmente, quer que queira ver, quer não se queira, por termos poucos Juízes, maus políticos e maus legisladores.

A corrupção não é, evidentemente, generalizada entre nós, pois que temos muita e muita e muita gente séria na política e nas empresas, mas está muito entranhada, o que é assustador, porque não nos é possível evoluir significativamente sem resolver esse problema, que não vive apenas dos grandes e arrepiantes escândalos, mas do pequeno favor, da pequena lógica da cunha aqui ou ali.

Já não me interessa nada o caso concreto. Nos casos concretos há sempre gente culpada, gente inocente e gente assim-assim. Essa é a parte jurídico-processual.

O que me interessa é que a corrupção é uma doença grave e o corrupto está no "top 5" dos criminosos, apenas ultrapassado pelo homicida, pelo violador, pelo pedófilo e pelo pirómano.

Na verdade, o corrupto é pior do que o ladrão, muito pior. A corrupção é roubar, mas é muito mais do que roubar. É conspurcar o poder, o serviço público, é insultar toda a comunidade, tornando a vida pública num lamaçal sem fim.

A diferença entre um corrupto e um rato de esgoto é que há coisas que um rato de esgoto se recusa a fazer.

É tão imporante eliminá-la, ou atenuá-la, que vejo com bons olhos medidas que, em circunstâncias normais, me parecem escabrosas: grandes restrições ao sigilo bancário à cabeça.

É que como bem diz o povo, "para grandes males, grandes remédios"...

Marcelo ou Passos Coelho

Tem de ser Marcelo, para bem do PSD e, bem mais importante, do País,

Como assinalou Hernâni Lopes em entrevista hoje dada ao "SOL", "Portugal está a definhar", assegurando ainda "nunca vi nada assim: está década foi historicamente esvaziada".

Cruel verdade...

Ora, com todos os defeitos de Marcelo Rebelo de Sousa, de que destaco uma posição figadal (quase primária) anti-CDS e uma tendência centrista que por vezes esbate a substância das suas ideias, é muito melhor do que Passos Coelho.

Tem mais curriculum e tem mais vida extra-política. Este acréscimo é fundamental.

Depois de tantos anos de Socratismo tão bem sintetizados por Hernâni Lopes, só nos faltava mesmo uma versão social-democrata desse Socratismo.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Pessoal pleonástico

Num País em que pouco se fala na dignidade da "pessoa" em detrimento da cultura do indivíduo, ou então da cultura da colectividade (também com desprezo pela "comunidade"), o uso da palavra "pessoal" é muitas vezes descabido, navegando entre as ondas do pleonasmo.

Desde logo, a expressão correntemente utilizada de "amigo pessoal", como se outro tipo de amigo existisse.

Por outro lado, a opinião pessoal, aliás "minha opinião pessoal", formando um conjunto absolutamente fantástico de repetição em cadeia...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Alguns cromos políticos

Por entre o nascimento de mais um "gate" à Portuguesa, com escutas, buscas, arguidos constituídos e declarações vagas da Procuradoria-Geral, a constituição do governo e outros fenómenos vão gerando, ou confirmando cromos políticos.

Marcos Perestrelo, depois do espectacular resultado que conseguiu para o PS em Oeiras, foi designado como Secretário de Estado da Defesa. A experiência que tem no sector é análoga à do Ministro, Santos Silva. Ou não?

Seja como for, a dupla promete e a escolha tem o mérito de tirar Marcos Perestrelo do "Corredor do Poder", deplorável programa de debate político televisivo em que o agora Secretário de Estado semeava demagogica aos sete ventos. Não era o único desse programa a merecer uma nomeação deste tipo, que nos privasse da sua companhia, mas enfim.

Já para Santos Silva, a pasta promete ser uma espécie de pré-reforma, a menos que a conjuntura internacional mude significativamente.

Na Justiça, onde aterrou Alberto Martins, aparece, pasme-se Vasco Franco, um eterno da concelhia do PS em Lisboa e que salta da vida municipal para esta nova vida... Espantoso.

E claro, depois há Pedro Silva Pereira...

Analisaremos este caso um destes dias, pelas particularidades que o mesmo encerra.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Autenticidades

Num País centralizado, em que a centralização tende a produzir uma massificação cultural pouco conseguida (há massificações boas, claro está), felizmente ainda não desapareceu aquele conjunto de tiques de linguagem tão autênticos, tão pouco plásticos, que acabam por ser uma esperança para o futuro da Pátria.

Temos de conviver, é certo, com o rasca "tá-se", o maçador "então vá lá", o ainda perturbador "tás a ver", bem como uma miríade de, soit disant, frases (para não dizer "interjeições", ou mesmo "grunhidos) de origem semi-linguagem de telemóvel, semi-dragon-ballZ, polvilhadas de estupidez pura e simples. O correspondente desse "discurso" quase-lógico e mais-do-que-imbecil na roupa traduz-se no hábito do momento das calças de ganga ultra-relax, ou seja, de uma informalidade fundamentalista, em que mesmo sem qualquer movimento curvo da coluna vertebral a roupa interior pode ser vista quer que se queira, quer não se queira; em termos capilares, desagua em penteados de profusa cabeleira, que se nas mulheres resulta bem (tendência físico-química, de resto), nos rapazes/homens produz, ao tapar 98% do ângulo de visão e provocando movimentos anedóticos de sacudir de cabeça para afastar cabelos sem mover as mãos, um ar pseudo-cool e essencialmente imbecil.

No entanto, por entre essa nuvem de uma espécie de Mordor estético, surgem autênticas maravilhas de autenticidade, de que destaco:

- "oxalá";
- "continuação e oxalá";
- "antes assim", ou melhor dito "enhantes assim";
- "uma boa continuação" (se possível quando apimentado com sotaque nortenho);

E outros tantos que nos vão colorindo o dia-a-dia e que funcionam como uma espécie de rapadela virtual aos gadelhudos que o nossos sistema cultural libertário e o nosso sistema de ensino desgovernado vão produzindo.

Palácio da Ajuda

Que excelente local e como qualquer visão dos tempos gloriosos do nosso passado nos reconciliam com o País.

Oxalá que todos os que por lá andaram hoje a tomar posse sejam dignos de governar Portugal.

domingo, 25 de outubro de 2009

Molha tolos no Porto

Domingo inteiro de chuva "molha-tolos" no Porto, aquele tempo que faz aflição a muitos não-portuenses (e até a alguns portuenses e até a todos os portuenses algumas vezes, em especial em Fevereiro e Março, quando a primavera já apetece).

Mas para a maioria dos portuenses, ao menos na maioria das vezes, é outro dos sinónimos de "estar em casa".

A cidade apresenta-se nestes dias cheia de simbolismo, cinzenta como um motor, numa dignidade mais do que milenar.

Nestes dias, brilham apenas (e não é pouco) os portuenses, esse produto único da genuinidade, de não ter "papas na língua", nem paciência para "carapaus-de-corrida", ou para aquelas frescuras de um certo jet set nacional (se é que existe...), aquartelado no seu provincianismo centralizado, no seu novo-riquismo que Eça tão bem descreveu n'"Os Maias".

Este Porto, quando é menos popularucho, é burguês, não daquela burguesia afrancesada muito patega, mas uma burguesia mais inglesada, que salta à vista em dias de chuva, atrás de solenes gabardinas, de que sobressaem carantonhas mais de seriedade do que de tristeza, que a urbe é mais de S. João que de fado.

Este clima tão bom na primavera e no verão e tão mau no outono, ou no inverno (para nos atermos às noções correntes de "boa" e "má" meteorologia) dá ao portuense um equilíbrio que o calor permanente, ou o bom clima, associados ao fado, retiram a outras zonas do nosso País.

Bem sei que esta teoria mais não pretende do que criar uma imagem, mas ajuda-me a transmitir uma ideia: também por isso (a somar a mil e tantas outras), o Porto é mais liberal do que fracturante. Mais: tende a ser conservador como um britânico, embora pronto a rebelar-se sempre que "lhe pisam os calos"...

Para mim, o Porto é (ainda) mais bonito nests dias ...

sábado, 24 de outubro de 2009

Mais pragmáticos

O governo é, segundo quase todos dizem, pouco político e muito técnico.

Pensava que o lugar dos técnicos eram as secretarias de Estado. Mas não, também nos ministérios pomos os operacionais executivos, acima dos quais paira Sócrates, com a sua conhecida densidade teórica e dogmática.

Isabel Alçada - uma aventura na educação?

Mais falinhas mansas; a continuação da treta organizativa dos conselhos directivos; o disparate da intervenção das associações de pais na escola (que faz tanto sentido como a intervenção dos professores em casa); a inexistência de reitores; a inexistência de concorrência entre escolas; o nivelamento por baixo do ensino em nome da igualdade de oportunidades; a perda de autoridade dos professores; a escola sem reprovações, como recreio e espaço de realização hedonística da pequenada; a proliferação de disciplinas inúteis.

Eis o legado das últimas décadas que esta ministra promete continuar.

Com o insucesso escolar a continuar a diminuir, tal como o sucesso escolar, de resto...

Oxalá me engane redondamente.

Constâncio - constância no disparate

Vítor Constâncio partilha com Jorge Sampaio o facto de os portugueses terem fugido como o diabo da Cruz da ideia de serem primeiros-ministros. Não era caso para menos.

Mas Constâncio, ao contrário de Sampaio nunca foi aprovado num acto eleitoral que fosse. Os portugueses não o queriam - ponto final, sem alternativas funcionais.

Não obstante, foi para o Banco de Portugal desempenhar uma função fácil, num cargo fácil. E tem conseguido tornar um mandato fácil num amontoado de desastres em que ressalta apenas a sua resistência à demissão e a sua ligação "super-cola 3" ao lugar...

Quando o governo era de direita, o Banco de Portugal funcionou como partido da oposição; quando passou a ser de esquerda, nem por isso.

Ontem disse que o novo governo PS "é um sinal de estabilidade"... Palavras para quê? Tire o leitor as suas conclusões...

Sampaio e as incoerências

Jorge Sampaio é um caso sério de incoerência.

Ontem, o nosso ex-presidente da república dizia que um governo minoritário tem de ter condições para governar e que os partidos da oposição têm de ter sentido de responsabilidade porque a estabilidade é fundamental e os governos devem durar 4 anos.

O que seria uma evidência, vindo de Sampio é ridículo. No tempo do governo de Santana Lopes, houve dois factores de instabilidade: um foi o próprio Santana Lopes (embora não mais do que Sócrates, ou Mário Lino, por exemplo) e o outro foi Jorge Sampaio.

Em dada altura, Sampaio deixou de actuar politicamente como presidente da república para actuar partidariamente como militante do PS: primeiro não dissolveu a Assembleia da República quando o PS não estava em condições para ganhar as eleições, preferindo aguardar, deixando sementes de instabilidade ao dizer que iria "estar atento" ao Primeiro-Ministro (parece incrível, olhando para o passado, mais foi mesmo isso que aconteceu...), deixou que houvesse eleições no PS, que Sócrates as ganhasse, para depois dissolver uma maioria parlamentar estável a pretexto de uma frase acerca de uma incubadora, de uma minudência com Marcelo Rebelo de Sousa (se comparada com o caso do jornal de 6ª feira da TVI) e de uma saída à noite de Santana Lopes, isto quando tacticamente se percebia que o PS iria ganhar as eleições com maioria absoluta...

Sampaio, apesar dos disparates e maldades de Eanes, Soares e Cavaco Silva, foi o único presidente da república que concebeu, liderou e executou uma espécie de golpe de estado intra-constitucional e anti-parlamentar.

Comparado com ele, depois dos fenómenos Independente/Freeport/Alcochete-Jamé/projectos-de-casa-tipo-maison-tipo-abat-jour-na-Covilhã, Cavaco tinha argumentos mais do que bastantes para dissolver quatro ou cinco maiorias parlamentares...

Jorge Sampaio é politicamente sonso e o seu discurso arrendondado sempre escondeu uma actuação política cheia de intencionalidade.

Para ele, a estabilidade só merece protecção quando a maioria é de esquerda. Diga o senhor o que disser, eis o que a sua prática demonstra ad nauseam...

Graças a Deus há café

Um bom exemplo de que as boas coisas que há em Portugal nada têm que ver com o Estado é o café.

Portugal é o País do mundo onde se toma melhor café: se o o sítio onde é tomado tem muito bom aspecto, o café é bom; se tem um aspecto lamentável, o café é excelente.

Um estabelecimento ter mau café em Portugal é inaceitável, justamente pela facilidade com que se toma bom café.

Nos outros Países o melhor que se arranja é um café razoável. E um café simplesmente razoável é uma porcaria.

Lamento muito todos os Países cujos cidadãos têm de viver sem café, ou seja, sem bom café, aquele que se sente entrar no organismo, cujo cheiro acorda e inspira, aquele que se bebe aos poucos, a escaldar, concentrado, profundo, cheio de sabor.

Está na hora de tomar um café... até logo...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Prioridades

Fonte próxima do novo governo deixa o mote para a primeira batalha após a aprovação do programa e do orçamento de estado.

E qual é?

Avançar para a alteração legislativa que permita o casamento homosexual!

Prioridades...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Santos Silva na defesa

É horrível. Eu sei. Não pensem que não.

Mas podia ser pior. Cheguei a temer (palavra de honra) que lhe entregassem a pasta da Adminsitração Interna...

As paridades voltam a atacar

Num noticiário de ontem, um jornalista perguntava se o governo deveria ter repartição homens-mulheres.

Parecia uma chalaça...

Mas não: os dois comentadores (PS e PSD) levaram a pergunta a sério!...

Só não digo que só em Portugal isto seria possível porque não há treta igualitária que não vingue em França e porque temos aqui ao lado o modelo Zapatero.

Tão difícil é escolher quem nos governa (que o País num mais se governa...) e ainda temos o PS a introduzir a questão do género para piorar.

Os melhores, meus senhores, queremos os mulheres, nem que só mulheres, nem que só homens, que mais vale - insisto - disparidade do que disparate.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Saga de Saramago

Diz Saramago que a Bíblia é um "manual de maus costumes".

Não se percebe se se esqueceu do Novo Testamento, se interpretou mal o Velho, ou se acha mesmo que tudo bem interpretado, é esse tipo de manual...

Não se percebe também se o modelo alternativo, se a mundividência perfeita é a União Soviética, da China, ou da Coreia do Norte, ou se o "Capital" é um manual de bons costumes.

Nem se percebe, sequer, se esta atracção quase religiosa pelo Cristianismo não é um ateísmo frágil do autor em questão.

O que se percebe é que este grande escritor, é comunista, mas nem por isso deixa de compreender o mercado como qualquer outro.

E o conceito de "golpe publicitário" é-lhe totalmente familiar...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sinais dos tempos

Eis o que se discute por estes dias. Se o governo governará casado, em uniões de facto, ou em ligações fortuitas.

Ninguém se deveria surpreender pela falta de conservadorismo do Primeiro-Ministro nestas questões fracturantes em que está em causa o avanço civilizacional.

domingo, 18 de outubro de 2009

O paganismo

As reflexões que ontem apresentei a respeito dos suicídios em França confirmo-os depois de ler mais um excelente ensaio de João Carlos Espada no "I", que deambula em torno de um progressivo regresso ao paganismo num retrocesso a que alguns iluminados chamam "avanço civilizacional"...

E ao mesmo tempo, recordo o vergonhoso preâmbulo da chumbada "constituição" europeia, que na sua vertigem descontrolada pelo inócuo, pelo incolor, pelo inodoro, pelo esterilizado, pelo cinzento cheio de nada, pelo insípido, pelo vácuo, não teve uma palavra para dizer o óbvio: o que de melhor na Europa é a fusão do pensamento helénico com o judaismo-cristianismo.

Só esse fusão pode salvar a Europa, porque só ela representa, para este nosso continente, um regresso a casa.

Se assim não for e se insistir na rejeição da tradição e dos valores judaico-cristãos, a Europa será uma versão macro de toda a degenerescência da sociedade francesa.

sábado, 17 de outubro de 2009

Governar em minoria

Como é evidente, não faz sentido esta postura de marketing traduzida em defender que o governo minoritário é um governo que "dialoga".

A ser cínico, como é manifestamente o caso português actual, insulta a inteligência dos portugueses.

A ser sincero, é promíscuo.

O governo minoritário tem a mesma legitimidade para governar que o governo maioritário, sendo patéticas as teses que dizem que o povo "escolheu" ter um governo minoritário.

Por muito que essas teorias façam as delícias de muitos comentadores, importa perguntar: os eleitores articulam entre si, em massa, as suas posições para conseguir esse resultado?

- "Olha Maria, que dizes de votares tu e a tua mãe e o teu pai no PS, votando eu no PSD e o Mário aqui do lado na CDU, para obrigar o Sócrates a governar em minoria? Já combinei com os outros e só falta o teu assentimento..."

O carácter minoritário, ou maioritário não é um problema de legitimidade, é uma questão matemática de número de deputados.

Por isso mesmo, o único destino sério de um governo minoritário é o de cumprir o seu pacto com o eleitorado, ou seja, o de tentar implementar o seu programa de governo, façam os outros partidos o que fizerem.

O governo minoritário que está disposto a "negociar" e a "dialogar" a torto e a direito só para não cair e em nome do costumeiro faduncho da estabilidade traduz apenas a postura de quem está disposto a atraiçoar o eleitorado e as suas próprias convicções.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A Europa suicida

Não se pode imaginar o sofrimento dos 25 trabalhadores da France Telecom que se suicidaram nos últimos tempos, depois de meses e anos de implementação de medidas internas de flexibilidade geográfica e funcional e profunda reestruturação.

É das notícias mais tristes e preocupantes de que me lembro.

Mas são aflitivas as suas origens.

A Europa tratou, a partir de meados dos anos 60, de construir um "sonho europeu", ou mais rigorosamente, uma "ilusão europeia": trabalhar menos, ganhar mais, ter menos filhos, ter mais conforto, ter mais saúde, ter mais protecção social, educação até mais tarde, antecipar progressivamente a idade de acesso à reforma, não prejudicar o ambiente.

Este "projecto", situado a meio caminho entre a quadratura do círculo e a pedra filosofal, foi "vendido" às pessoas durante anos, tentando (com manifesto êxito) ocultar a sua própria mentira e impossibilidade.

A França, infelizmente, foi sempre líder dessa ilusão europeia e é justamente aí que se sente de modo mais dramático a forma crua e execrável como as pessoas foram confrontadas com a realidade.

O sonho desperto vale a pena, mas tem de fazer sentido, para não ser apenas desvario.

Pura e simplesmente, há ao menos dois pilares da "ilusão europeia" que têm de sucumbir, sob pena de a bomba demográfica matar qualquer hipótese de sonho verdadeiro, destruindo pelo caminho o Estado social: ou deixa de se tentar trabalhar menos e menos, ou se faz alguma coisa pela Natalidade.

Se assim não for, esta Europa que deixou de trabalhar e praticar desporto, que passa os dias em frente à televisão, que se tornou num continente em que o músculo deu lugar à gordura, o desencanto será cada vez maior por se dar de caras com o evidente: ter cada vez menos gente a trabalhar cada vez menos para sustentar a reforma cada vez mais antecipada de cada vez mais gente não é possível. Ponto.

E perdoem-me o conservadorismo à moda do Leopardo e Visconti - é preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma, in casu, para salvar o núcleo essencial (mas só o essencial) do Estado social.

Como primeira escapatória, que jeito daria uma reconciliação da França com a sua história, com os valores cristãos, com os valores da família, com a convicção de que a democracia não deve cair na rua a cada instante, de que de Luís XVI para Robespierre se passou apenas do mau ao mau e que a Europa precisa de uma França que a consiga iluminar (do que é capaz), mas de que tanto o ancien régime, como o jacobinismo primário apenas trazem lhe escuridão.

Por isso a França tem perdido tanto e tanto para o Reino Unido, ou a Alemanha.

Por isso também a França tem de ficar à espera que os "malditos" EUA a salvem da crise, como antes a salvavam dos ataques e invasões da Alemanha...

Das paridades, disparidades e disparates dos amigos da onça

A obsessão folclórica pelas "igualdades" revela sempre a falta de substracto com que vai consumindo a paciência dos demais, mais espelhando o cinismo dos seus campeões.

Aprovou-se, como é sabido, a patética lei das paridades, que obrigou a quotas de inclusão de mulheres nas listas de deputados - como se as mulheres precisassem de quotas para a elas aceder.

Muitos homens da nossa esquerda - engolindo sapos (vivos) para cumprir o papel a que Miguel Esteves Cardoso chamou, há muitos anos, de banana man - lá bradaram aos sete ventos com mais este "avanço civilizacional", como soe dizer o agora homem do diálogo.

Para cumprir tão "nobre" desígnio, toca a colocar as senhoras em lugares insusceptíveis de eleição.

Moral da história: o primeiro parlamento pós-paridade tem menos mulheres do que o último parlamento pré-paridade.

Ridículo? Sim, mas isso não é, ainda assim, o mais importante.

O mais importante é que fique tão claramente documentada a hipocrisia das "igualdades", do discurso para "inglês ver" (em especial em momentos pré-eleitorais) e a inutilidade de leis voluntaristas que tentem forçar a natureza humana, tentando criar uma espécie de vivência cultural transgênica.

É uma lei indigna para as mulheres, porque as diminui e, ainda para mais, as prejudica na prática.
Além disso, é caso para dizer que com igualitaristas destes, ficam as mulheres a sonhar com quem as discrimine...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Em jogo

Portugal ainda está em jogo para ir ao Mundial da África do Sul.

Oxalá se confirme.

A simbologia está à vista. Que o Cabo das Tormentas dê, enfim, lugar ao Cabo da Boa Esperança.

Que Portugal possa estar presente, uma vez mais, onde sempre esteve: em mais um pedaço de mundo que deu ao mundo...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Não imitar

Concordando com o post do meu amigo Filipe, diria que me custa tanto o disparate inicial, como o exagero que se lhe seguiu.

Não podemos gostar, nem permitir que nos tratem mal. Nem podemos tolerar o complexo colonial dos brasileiros.

E também nós temos de perder o nosso complexo colonial face aos brasileiros, tendo um pouco de condescendência face a quem ainda não aprendeu tudo.

Mais, há que reconhecer que um certo desrespeito por locais, uma certa dificuldade em reconhecer o sagrado de certas coisas é hoje um problema de toda a portugalidade, se não de toda a lusofonia, se não mesmo do mundo inteiro.

Por fim - e infelizmente - importa também reconhecer que no século XX, o Brasil fez bem mais pela memória de Vasco da Gama, Camões e Pessoa do que Portugal...

O meu patriotismo faz-me sempre pensar que tudo quanto é brasileiro é parcialmente português (ainda não me conformei com o portugal milimétrico, mais micro-continental do que macro-atlântico) e por isso este disparate é um pouco nosso...

Maitê

Não gostei do vídeo do «Saia Justa»; achei-o tão infantil quando manifestador de uma ignorância atroz e de um ressabiamento latente que, cada vez mais me convenço, é transversal a um certo Brasil provinciano e mesquinho que morre de ciúmes de um Portugal europeu e civilizado.

Nesse sentido, não deixei de ver o vídeo com a superioridade e indiferença de quem lamenta que esse Brasil, na qualidade de potência emergente de que se arroga, ainda não tenha ultrapassado o complexo colonial de que enferma. E é pena, porque essa atitude ofusca muito do que aquele país tem realmente de «ordem e progresso».

O pedido de desculpas da Maitê Proença foi muito digno. Nesta fase, já só lamento a indignidade de quem ainda vagueia pelos blogues e pelo YouTube a insultá-la como não se insulta ninguém; e tenho muito mais vergonha disso e de quem ainda veicula o vídeo original empolando a gravidade e a ofensa da mensagem do que de uma atriz que vem a Portugal fazer entretenimento barato com património cultural que não existe do lado de lá do Atlântico. Haja alguma condescendência...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fair play quando nasce não é para todos

Se Louçã admitiu a derrota nas autárquicas, rompendo com uma infeliz tradição de não o fazer que vigora entre nós, Elisa disse ter sido agredida (ainda que em sentido figurada) na campanha.

Com este mau perder, que terrível seria o seu ganhar...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Comentário MST

"O PS decidiu suicidar-se no Porto".

Miguel Sousa Tavares - in Público

Política espectáculo!

Manuela Ferreira Leite, ao melhor exemplo de José Sócrates, tentou tranformar num triunfo aquilo que foi, inequivocamente, um desaire eleitoral do PSD.

Independentemente da cara-de-pau com que conseguiu anunciar a vitória, é impressionante o papel que jogam as máquinas mediática e partidária no efeito final da mensagem.

José Sócrates, há duas semanas, com a convicção das suas palavras, as celebrações dos militantes (!) encafuados nos autocarros à pressa para o Rato e o espalhafato da comunicação social, quase me fizeram acreditar que, de facto, o PS tinha ganho as eleições.

Ora, quando um partido que está no Governo perde, de um mandato para o outro, a maioria absoluta, cerca de 24 mandatos, e a possibilidade de (continuar a) governar à esquerda, afigura-se-me claro que nunca poderia ser considerado vencedor, mas simplesmente o partido mais votado.

Ainda assim, perante o discurso de vitória de Sócrates extraí as seguintes conclusões: 1) as artes dramáticas perderam um valor potencial; 2) o PS devia estar realmente com as piores perspectivas, para aquela gente toda conseguir ficar tão contente com o cenário descrito; 3) a derrota do PS não deve ser tão má como eu ajuizei.

Ontem, pelo contrário, perante o discurso de Manuela, a minha reacção foi a diametralmente oposta. Quando pensava que o PSD, apesar de tudo, se tinha aguentado no balanço, o tom depressivo com que a líder do partido interveio não poderia estar mais apropriado para um discurso de digna derrota, da qual acabei por me convencer.

Foram evidentes os truncamentos nas frases-chave deste género de intervenção: onde se disse que o PSD ganhou em número de câmaras e número de freguesias, saltou à vista a banhada que levaram em número de mandatos e em número de votos (quase um milhão de votos de diferença!).

Enfim, tudo concorreu para que reafirmasse o que já ando a dizer há algum tempo: o povo não gosta de maus actores!

António Costa - a vitória pequenina

Que vitória pequenina...

Tinha o apoio do primeiro-ministro, de dois ex-presidentes da Câmara, de dois ex-presidentes da República, de dois ex-primeiro-ministros...

Teve todo o PS com ele...

Teve metade do BE com ele (Sá Fernandes)...

Teve as sondagens do seu lado...
.
Teve parte da CDU com ele (Carvalho da Silva)...

Teve parte do CDS com ele (Maria José Nogueira Pinto)...

Santana Lopes é o alvo mais querido de muitos...

Nem Cardona o apoiou...

E mesmo assim ganha com apenas 3% dos todos, perdendo as freguesias e a assembleia municipal.

Faltou fermento a esta vitória de António Costa

PSD - tempos de mudança

Tirando a derrota colorida de Santana Lopes e as vitórias rotundas de Rui Rio, Menezes e Fernando Seara, a noite correu mal ao PSD.

Não cresceu em votos e perdeu mais mandatos dos que os que ganhou.

Sondagens

O desastre continua, com falhanços rotundos:

- em Lisboa (de todas);
- no Porto (algumas);
- em Braga (algumas);
- na Trofa;
- em Leiria;
- em Barcelos.

domingo, 11 de outubro de 2009

Anedota em Lisboa

Depois de todas as sondagens darem uma margem situada entre 10 e 12% de vantagem a António Costa, a margem já vai a esta hora (23.50) em 4%...

eh, eh, eh...

O Tribunal do Porto não vive só no dragão

Pelas 22.40, Rio e Sá reforçam relativamente a 2005, Elisa faz pior que Francisco Assis, Teixeira Lopes não aquece nem arrefece.

Que olho clínico tem a boa gente do Porto...

BE - a aprendizagem da derrota

O BE está por estas horas a provar o sabor de uma intensa derrota eleitoral.

Está visto que, quando se trata de fazer propostas concretas para resolver problemas concretos das pessoas, as dificuldades são tremendas...

Ana Gomes - muita parra, pouca uva

Uma réplica (empobrecida) de Elisa Ferreira.

Muito amor a Bruxelas, muita histeria política, muita agressividade em relação a Fernando Seara.

Ana Gomes gosta muito de bitaites, mas tem pouco jeito para a coisa. O seu sectarismo impede-a de ir buscar votos onde quer que seja que se situe fora do estrito âmbito do seu partido.

Elisa Ferreira - derrota estrondosa

Pouco importa que Rui Rio tenha ou não maioria absoluta.

Ao fim de 8 anos de mandato de Rio não conseguir ir além do que conseguiu Francisco Assis em 2005 é pura e simplesmente um resultado miserável.

Era bom que Rui Sá agravasse ainda mais esse resultado - Elisa merece um mau resultado; Rui Sá merece um bom resultado.

Porque mereceu Elisa Ferreira este resultado? Por várias razões:

1. O Porto não gostam de ser a segunda escolha de quem quer que seja. A primeira escolha de Elisa Ferreira era Bruxelas;
2. O Porto é muito sensível às matérias do "tacho";
3. A cidade não castigou Rui Rio nem pela política cultural de Rio, nem pela sua ligação ao F.C. Porto;
4. Passou a mensagem de que Elisa Ferreira queria construir no parque da cidade (na circunvalação), o que a prejudicou bastante;
5. Quanto ao mais, nenhuma ideia de Elisa Ferreira passou - o que é sitomático.

Elisa Ferreira esteve sempre muito nervosa e muito agressiva com Rui Rio (e mesmo com a esquerda) - o que também se revelou um desastre.

Ermelo não fica na Madeira

E já agora, que mal fica o continente na fotografia com este crime na secção de voto...

É fácil (e em parte merecido) "gozar" com a alegada falta de democracia na Madeira e certos desvios a uma pacata vida política e eleitoral naquela região.

O que é patético é que os continentais se coloquem na posição dos puros quando largas áreas do interior pararam, em termos estruturais, em meados do século XIX e quando a área da Grande Lisboa saltou há anos para o século XX em matéria de guettos e para o século XXI quanto ao tipo de criminalidade (viagem no tempo associada, aliás, a outra viagem geográfica quanto ao estilo sul-americano de crime de "favelização" social).

Comissão Nacional de Eleições - a lógica da batata

Ao contrário do que sucedeu em eleições anteriores, a CNE entendeu por bem proibir anúncio de sondagens antes do encerramento das urnas dos Açores.

Bem se compreende este prodígio lógico da CNE, não fosse a projecção relativa a Felgueiras interferir psicologicamente no sentido de voto dos cidadãos da Horta...

Legítima defesa - parte II

O falecido já estava na secção de voto, quando o homicida chegou e o matou a tiro de caçadeira. Se assim foi, a cantiga da legítima defesa terá morrido também...

Homicídio, desavença política e legítima defesa

Alguns dos nossos jornalistas têm coisas espantosas...

Hoje, dia de autárquicas, um candidato do PS matou a tiro o marido da candidata do PSD.

A jornalista da TSF, inquirindo o governador civil, perguntava, numa inovação conceptual, se havia nota da existência prévia de "desavenças políticas"?

Confesso a minha ignorância... O que é isso de "desavença política"? Quereria a senhora referir-se a uma discordância política? A existir, justificaria, ou ajudaria sequer a compreender um homicídio?

Por outro lado, o pensamento jurídico de alguns comentadores/entrevistados é maravilhoso.

Posto que houve troca de tiros na secção de voto (imaginem a cena...) disse-se (confesso que não percebi quem) que o homicida actuou provavelmente "em legítima defesa".

Em "legítima defesa"? Comparecendo armado na secção de voto?

O resto é o soft de muitas declarações. Se o falecido fosse do PS e o homicida do PS admito que as coisas pudessem ter o mesmo tratamento. Mas não estou em condições de o garantir.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Nobel da Paz para Barack Obama

Será precipitado? Parece-me que não!

Coloca-se a questão: porquê?

Tudo aponta para uma atribuição inteligente que tenta vincular Obama a trilhar um caminho de paz que passe da retórica!

Agora, o grande perigo desta atribuição é o desprestígio do prémio caso Obama seja marketing e não se sinta vinculado ao trilho da paz! O futuro o dirá…

Marques Mendes

Apesar de não partilhar da filiação partidária nem tão-pouco lhe reconhecer quaisquer capacidades extraordinárias como líder partidário, não quis deixar de louvar e elogiar aqui no Charuto a postura e orientação já havia assumido no passado e ontem reiterou o ex-líder do PSD.

De facto, a decisão de, nas anteriores autárquicas, excluir os candidatos autárquicos a contas com a justiça é uma decisão fundamentalmente ética e corajosa, indiferente ao sacrifício nos resultados (sabendo-se como se sabe que em qualquer coisa como 90% ou mais dos casos os autarcas são reeleitos).

Ontem mesmo nos Gato Fedorento voltou a defender essa posição, com argumentos irrefutáveis e perfeitamente lógicos e naturais para qualquer pessoa de bem. Pena que não seja mais imitado, em nome da credibilidade da política.

Nobel Laureates: carro à frente dos bois?

Transcorrido menos de um ano de mandato presidencial, «esforços extraordinários para reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre povos» parece-me francamente excessivo para aquilo que, à data, são apenas boas expectativas.

Rumo à vitória!


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Amália e a esquizofrenia do PREC

Tão magníficas coisas boas teve o 25 de Abril, tão más teve o PREC, período negro nosso.

No PREC, o ridículo tornou-se perigoso e se ainda hoje pagamos uma factura pesada do Estado Novo, também pagamos a do PREC: os juros da primeira são a fraqueza da sociedade civil e os juros da segunda a mentalidade do golpismo, da recusa do trabalho e dos deveres.

Como na patetice do PREC só havia "progressistas" e "fascistas", Amália, como era famosa no Estado Novo, era "fascista"...

Quando há um aniversário de um famoso da envergadura de Amália, lá temos de passar pela vergonha de ouvir os documentários falar das "leituras" feitas durante o PREC à sua ligação ao regime.

Resta-nos o consolo de que daqui a 100 anos, todos os portugueses vão conhecer a Amália e poucos vão entoar a Pedra Filosofal...

Maria Rueff - sob o humor, sectarismo

A D. Rosette da TSF tem pouca graça. Maria Rueff tem talento para muito mais.

A vontade de fazer política activa em tempo de campanha (consciente, ou inconsciente) afecta ainda mais uma personagem francamente pobre, essencialmente por insistir num tipo sociológico excessivamente alfacinha (problema que, de resto, afecta a própria TSF).

O "exame" da D. Rosette de hoje foi especialmente exagerado na afirmação das (legítimas) tendências políticas de Maria Rueff, afectando o resultado estético.

Além disso, não sendo errado que o humor tenha dimensão política (bem pelo contrário), já me parece censurável que essa dimensão ganhe dimensão eleitoral explícita.

Senão vejamos,

A D. Rosette começou por falar na sua "querida Elisa Ferreira" - alusão sincera.

Depois, concordou com Elisa Ferreira por querer que município e F.C.Porto voltem a dar-se bem, porque entende que a tradição de festejar os títulos da varanda da câmara se deve manter - crítica aberta a Rui Rio e velada a Cavaco Silva, por não ter feito o discurso do 5 de Outubro, como é habitual, da varanda do município de Lisboa.

A seguir, ciritou Santana Lopes por não querer aumentar os funcionários municipais - crítica aberta - porque tais funcionários vão precisar de dinheiro para comprar bicicletas - elogio descarado a António Costa, na sequência da corrida entre a bicicleta e o Porsche que promoveu.

Mais palavras para quê?...

Das Gamelas, Grécia e outros

A questão das gamelas, vinda a lume em plena campanha autárquica da invicta, ameaça confirmar a bondade com que o jornalismo nacional recebe as declarações menos felizes da esquerda. Ainda que inconscientemente, acaba sempre por "contextualizar". Como disse Eça acerca do Menino Eleutério, é uma questão de "olhinho terno".

Quanto ao mais, o fim-de-semana prolongado marca uma tendência recente: os países mais ricos viram à direita, os mais pobres viram (ou mantêm-se) à esquerda.

Coincidência, claro está.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Infante D. Henrique



Na monarquia, até as segundas linhas eram primeiras.

Descolonizar como deve ser?


Descolonizar como deve ser?
Para a república é uma dor de cabeça...
Para uma monarquia, nem por isso. Mais grito, menos grito, faz-se.
É, ou não é, D. Pedro IV?

Mulheres no poder sem necessidade de quotas


Mulheres no poder sem necessidade de quotas?
Superavit da balança comercial (não leram mal, é mesmo da balança comercial)?
Piece of cake para o regime monárquico

TGV - problema fácil para a monarquia


A quadratura do círculo seria comboios sem endividar o País.
É, ou não é?
A monarquia pensou nisso há 150 an0s com El-Rei D. Pedro V...

D. Sancho I



O combate à desertificação do interior sempre foi, entre nós, um problema complexo, que reclamou e reclama homens capazes de o enfrentar.
No tempo da monarquia, esses homens existiam.

D. Dinis



Hoje em dia, choramos pelos fogos florestais e pela crise estrutural da nossa agricultura.
No tempo da monarquia, até chefes de estado havia que tinham uma visão estratégica da agricultura.
Curioso, não é?

Um Rei poeta



Inimaginável um presidente da república com "alma de poeta", não é?

Pois é... D. Duarte tinha esse tipo de alma.

No tempo da monarquia, havia reis que eram uma espécie de farol intelectual do seu tempo.

O facto de não participarem em campanhas eleitorais e reuniões partidárias, parecendo que não, dava-lhes mais tempo para se cultivarem.

D. Carlos - Justiça tardou mas chegou


Uma vez mais, cabe aqui dizer que a história é cruel, mas justa.
Para El-Rei D. Carlos foi justa no sentido e cruel no tempo.
Também os reis sucumbem aos reles e execráveis assassinos deste mundo.
Mas fica - e cada vez mais - o registo de um homem bem formado, patriota e culto.
Três qualidades absolutamente essenciais num governante.

D. João II - Portugal acima de tudo


Com ele, Portugal foi o centro do mundo.

E os tratados, para ele, serviram para reforçar, ou consagrar o nosso poder.

Simplesmente perfeito.

domingo, 4 de outubro de 2009

Bandeiras bonitas da nossa história


In memoriam de quando deixámos de ser Monarquia



D. Afonso Henriques.

Determinado, mas com substância.

Fez autênticas reformas e não era homem para tabus.

Não passou a vida na política.

Pouco plástico, passou a vida inteira a lutar. Foi o nosso primeiro Rei. Também sabemos que Manuel de Arriaga foi o primeiro presidente da república. Mas só D. Afonso Henriques faz parte do nosso imaginário. A história é tão cruel quanto justa.

Razões pouco faladas para a vitória de Sócrates nas legislativas

A descida da taxa de juro ao longo deste ano de 2009, que fez com que a crise tenha sido boa para quem não perdeu o emprego.

O bom arranque do campeonato do Benfica.

Início das comemorações do dia em que deixámos de ser uma Monarquia

Há 99 anos, ainda partilhávamos do bom senso político de países como o Reino Unido, a Espanha, a Bélgica, a Noruega, o Luxemburgo, a Suécia, a Holanda, ou a Dinamarca. Nestas monarquias encontramos os países mais desenvolvidos, mais justos e menos corruptos do mundo.

Hoje, dou comigo a comparar chefes de estado nacionais, para concluir, sem qualquer dificuldade, que o nosso melhor presidente ficou a anos luz do patamar do nosso melhor Rei e que, na melhor das hipóteses, os nossos melhores presidentes concorrem com os nossos piores reis.

Pense-se em D. Afonso Henriques, em D. Sancho I, em D. Dinis, em D. Afonso IV, em D. João I, em D. Duarte, em D. João II, em D. Manuel I, em D. João IV, em D. João V, na Rainha D. Maria I, em D. Pedro IV, na Rainha D. Maria II, em D. Pedro V e no Rei D. Carlos para que a comparação se torne confrangedora.

José Junqueiro

Não paro de pensar neste homem, pela substância e densidade do seu pensamento, pelo carácter imaculado da sua postura, o seu respeito pelas instituições.

Um primeiro-ministeriável?

sábado, 3 de outubro de 2009

Irlanda e o Tratado de Lisboa

E enfim, os Irlandeses lá desistiram de resistir. A Europa nestas coisas vai revelando grandes lacunas democráticas relativamente aos EUA, sobretudo pela forma como são tratados os povos que ousam discordar da linha dominante...

Por muito importante que seja o tratado (que é), lamenta-se que a Europa não dê importância a outras coisas que a dilaceram: a crise de valores, uma certa degenerescência civilizacional, uma espécie de laicismo e laxismo sociais que em conjunto vão rejeitando o esforço e o trabalho, um amor ao politicamente correcto muito cínico, a facilidade com que o poder cai na rua.

E um tratadozito para tentar começar a enfrentar esses problemas?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Brasil e os Jogos Olímpicos

Eis que a cidade que Portugal tornou grande e que chegou a ser nossa capital (menos centralista do que a que hoje temos, diga-se de passagem) vai receber os jogos de 2016.

Apesar de ter tido também muita simpatia pela candidatura de Madrid - umas das minhas cidades preferidas, entre o mais por causa da sua fantástica e corajosa população - não posso deixar de manifestar a minha alegria por esta notícia.

Como não tenho complexo pós-colonial, antes orgulho nesta que foi a única descolonização bem feita que fizemos (talvez por ter sido a única feita em tempos monárquicos), sinto esta vitória como um pouco portuguesa. Quanto? Que importa. É um pouco portuguesa e pronto.

Além disso, consagra o nascimento de uma super-potência, cujo percurso impõe grandes elogios a Fernando Henrique Cardoso e a Lula da Silva.

Que se passa com este blog de Direita que às vezes elogia individualidades de esquerda? Nada de errado. Apenas aquela liberdade a que a direita se arroga.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Cavaco Vs. Sócrates?

Sócrates diz que audiência de 45 minutos com Cavaco foi "uma boa conversa" http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1403300&idCanal=12

Fico com a sensação que, para dissipar quaisquer dúvidas, o nosso PM vai ouvir em casa a gravação da conversa com o PR....

O perigo da ofensa ao sigilo

As buscas aos escritórios de advogados estão a tornar-se num periogoso excesso.

Aqui sim, ao contrário das tretas esquerdistas acerca da natural vontade das populações quererem sentir a polícia próxima e os criminosos rapidamente punidos, é patente a tão afamada vertigem securitária.

O que vem a seguir? Interrogar os padres em busca de factos revelados durante a confissão...

Louçã vs. Portas - Round 1

Francisco Louçã não perdeu tempo. Escassos dias depois de uma (inesperada) derrota eleitoral na batalha relativa que travou com o CDS-PP (digamos, uma espécie de Liga Europa paralela à Champions/Centrão), de cuja vitória estava mais que convencido, Louçã começou já a dar alfinetadas a Portas.

Ontem mesmo sugeriu que caso as autoridades pretendessem encontrar documentos relacionados com o 'caso dos submarinos' talvez devessem efectuar buscas à casa de Paulo Portas, uma vez que este (alegadamente) levou consigo fotocópias de uns milhares de documentos quando abandonou o ministério da defesa.

"Louçã «sugere» à justiça que procure contrato dos submarinos nos documentos confidenciais de Portas" - Francisco Louçã aconselha a justiça portuguesa para que procure o contrato dos dois submarinos comprados por Portugal à Alemanha durante o Governo PSD/CDS-PP «nas 61 mil fotocópias» que Paulo Portas «levou para casa» quando abandonou a pasta da Defesa.

Terrenos perigosos e pantanosos em que entra, não? Talvez siga o exemplo do presidente de todos nós....

Para além disso, parece-me que o propósito que assistirá a um sujeito inteligente como o Portas para levar consigo umas fotocópias não seria tanto o de fazer desaparecer quaisquer documentos (talvez Louçã deva ponderar o significado da palavra 'cópias' - significa precisamente que os originais ficaram no devido lugar), mas sim o de prevenir-se para se algum dia aparecesse um pistoleiro a 'insinuar' algo sobre o tempo em que foi ministro. Dito e feito.

Mais um momento para a história do futebol

O golo de Falcao, ontem à noite, a passe de Hulk, colocada de lado para a baliza e empurrando a bola lá para dentro com um toque de calcanhar. Mais um toque de calcanhar para a história do F.C. Porto, mais de 22 anos depois do primeiro.

Daqueles momentos que deviam acontecer em câmara lenta. Ou será que foi mesmo assim?