quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Não imitar

Concordando com o post do meu amigo Filipe, diria que me custa tanto o disparate inicial, como o exagero que se lhe seguiu.

Não podemos gostar, nem permitir que nos tratem mal. Nem podemos tolerar o complexo colonial dos brasileiros.

E também nós temos de perder o nosso complexo colonial face aos brasileiros, tendo um pouco de condescendência face a quem ainda não aprendeu tudo.

Mais, há que reconhecer que um certo desrespeito por locais, uma certa dificuldade em reconhecer o sagrado de certas coisas é hoje um problema de toda a portugalidade, se não de toda a lusofonia, se não mesmo do mundo inteiro.

Por fim - e infelizmente - importa também reconhecer que no século XX, o Brasil fez bem mais pela memória de Vasco da Gama, Camões e Pessoa do que Portugal...

O meu patriotismo faz-me sempre pensar que tudo quanto é brasileiro é parcialmente português (ainda não me conformei com o portugal milimétrico, mais micro-continental do que macro-atlântico) e por isso este disparate é um pouco nosso...

1 comentário:

  1. Como saberão, não nutro a menor simpatia pelo Francisco José Viegas, mas não resisto a transcrever aqui um post do «http://origemdasespecies.blogs.sapo.pt/» em que aquele não deixou de revelar a maior lucidez e acuidade:

    «Jantei com Maitê Proença em Lisboa, possivelmente na mesma altura em que a atriz gravou o vídeo que agora está na internet. Nele, Maitê (sempre bem tratada pelos portugueses, que inclusivamente lhe compram os livros) dá por adquirido que os portugueses são inábeis, atrasadinhos, enfim – o costume. Durante esse jantar, Maitê mostrou-se encantada com Portugal, e creio que era mais do que simpatia. Mas no Brasil é outra coisa. Faz parte do gene brasileiro esse apetite saudável por Portugal, a velha metrópole de padeiros, açougueiros e gente desajustada. As jovens nações, entusiastas e adolescentes, acham gracinha a tudo. Comportam-se como crianças quando descobrem a careca dos avós. É natural e compreensível. Depois crescem. Ou pedem que lhes apreciemos as pantomineirices.»

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