Há muitos problemas que outros povos têm que nós não temos.
Somos hospitaleiros, temos natural capacidade de adaptação a situações novas, somos instintivamente universalistas, temos jeito inato para idiomas, apreciamos boa gastronomia, temos um bom serviço nacional de saúde (mesmo se ainda pudesse ser muito melhor), o nosso clima é excelente, temos dado passos muito importantes em matéria de energia renovável (muito provavelmente a única coisa de jeito de toda a governação socratista e mesmo assim em parte continuação do já antes feito), o País é unido e está até a reconciliar-se consigo mesmo depois da trágica palhaçada do "PREC".
Mas é importante reconhecer que temos um problema estrutural e antigo: a corrupção.
Aliás, é este problema que me faz ficar sempre irritado, ou antes revoltado, cada vez que vejo alguns políticos com ataques fáceis e demagógicos aos magistrados. Porquê? Porque temos bons magistrados (a maioria) e magistrados sérios.
Se não temos melhor Justiça é, essencialmente, quer que queira ver, quer não se queira, por termos poucos Juízes, maus políticos e maus legisladores.
A corrupção não é, evidentemente, generalizada entre nós, pois que temos muita e muita e muita gente séria na política e nas empresas, mas está muito entranhada, o que é assustador, porque não nos é possível evoluir significativamente sem resolver esse problema, que não vive apenas dos grandes e arrepiantes escândalos, mas do pequeno favor, da pequena lógica da cunha aqui ou ali.
Já não me interessa nada o caso concreto. Nos casos concretos há sempre gente culpada, gente inocente e gente assim-assim. Essa é a parte jurídico-processual.
O que me interessa é que a corrupção é uma doença grave e o corrupto está no "top 5" dos criminosos, apenas ultrapassado pelo homicida, pelo violador, pelo pedófilo e pelo pirómano.
Na verdade, o corrupto é pior do que o ladrão, muito pior. A corrupção é roubar, mas é muito mais do que roubar. É conspurcar o poder, o serviço público, é insultar toda a comunidade, tornando a vida pública num lamaçal sem fim.
A diferença entre um corrupto e um rato de esgoto é que há coisas que um rato de esgoto se recusa a fazer.
É tão imporante eliminá-la, ou atenuá-la, que vejo com bons olhos medidas que, em circunstâncias normais, me parecem escabrosas: grandes restrições ao sigilo bancário à cabeça.
É que como bem diz o povo, "para grandes males, grandes remédios"...
sábado, 31 de outubro de 2009
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