sábado, 24 de outubro de 2009

Sampaio e as incoerências

Jorge Sampaio é um caso sério de incoerência.

Ontem, o nosso ex-presidente da república dizia que um governo minoritário tem de ter condições para governar e que os partidos da oposição têm de ter sentido de responsabilidade porque a estabilidade é fundamental e os governos devem durar 4 anos.

O que seria uma evidência, vindo de Sampio é ridículo. No tempo do governo de Santana Lopes, houve dois factores de instabilidade: um foi o próprio Santana Lopes (embora não mais do que Sócrates, ou Mário Lino, por exemplo) e o outro foi Jorge Sampaio.

Em dada altura, Sampaio deixou de actuar politicamente como presidente da república para actuar partidariamente como militante do PS: primeiro não dissolveu a Assembleia da República quando o PS não estava em condições para ganhar as eleições, preferindo aguardar, deixando sementes de instabilidade ao dizer que iria "estar atento" ao Primeiro-Ministro (parece incrível, olhando para o passado, mais foi mesmo isso que aconteceu...), deixou que houvesse eleições no PS, que Sócrates as ganhasse, para depois dissolver uma maioria parlamentar estável a pretexto de uma frase acerca de uma incubadora, de uma minudência com Marcelo Rebelo de Sousa (se comparada com o caso do jornal de 6ª feira da TVI) e de uma saída à noite de Santana Lopes, isto quando tacticamente se percebia que o PS iria ganhar as eleições com maioria absoluta...

Sampaio, apesar dos disparates e maldades de Eanes, Soares e Cavaco Silva, foi o único presidente da república que concebeu, liderou e executou uma espécie de golpe de estado intra-constitucional e anti-parlamentar.

Comparado com ele, depois dos fenómenos Independente/Freeport/Alcochete-Jamé/projectos-de-casa-tipo-maison-tipo-abat-jour-na-Covilhã, Cavaco tinha argumentos mais do que bastantes para dissolver quatro ou cinco maiorias parlamentares...

Jorge Sampaio é politicamente sonso e o seu discurso arrendondado sempre escondeu uma actuação política cheia de intencionalidade.

Para ele, a estabilidade só merece protecção quando a maioria é de esquerda. Diga o senhor o que disser, eis o que a sua prática demonstra ad nauseam...

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