Domingo inteiro de chuva "molha-tolos" no Porto, aquele tempo que faz aflição a muitos não-portuenses (e até a alguns portuenses e até a todos os portuenses algumas vezes, em especial em Fevereiro e Março, quando a primavera já apetece).
Mas para a maioria dos portuenses, ao menos na maioria das vezes, é outro dos sinónimos de "estar em casa".
A cidade apresenta-se nestes dias cheia de simbolismo, cinzenta como um motor, numa dignidade mais do que milenar.
Nestes dias, brilham apenas (e não é pouco) os portuenses, esse produto único da genuinidade, de não ter "papas na língua", nem paciência para "carapaus-de-corrida", ou para aquelas frescuras de um certo jet set nacional (se é que existe...), aquartelado no seu provincianismo centralizado, no seu novo-riquismo que Eça tão bem descreveu n'"Os Maias".
Este Porto, quando é menos popularucho, é burguês, não daquela burguesia afrancesada muito patega, mas uma burguesia mais inglesada, que salta à vista em dias de chuva, atrás de solenes gabardinas, de que sobressaem carantonhas mais de seriedade do que de tristeza, que a urbe é mais de S. João que de fado.
Este clima tão bom na primavera e no verão e tão mau no outono, ou no inverno (para nos atermos às noções correntes de "boa" e "má" meteorologia) dá ao portuense um equilíbrio que o calor permanente, ou o bom clima, associados ao fado, retiram a outras zonas do nosso País.
Bem sei que esta teoria mais não pretende do que criar uma imagem, mas ajuda-me a transmitir uma ideia: também por isso (a somar a mil e tantas outras), o Porto é mais liberal do que fracturante. Mais: tende a ser conservador como um britânico, embora pronto a rebelar-se sempre que "lhe pisam os calos"...
Para mim, o Porto é (ainda) mais bonito nests dias ...
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