segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Bicho papão vai voltar

Preparem-se Portugueses. Estão lançadas as bases para o regresso do "bicho papão" eleitoral: a potencial falta de uma maioria absoluta de um só partido (seja ele qual for) nas próximas legislativas.

Bem se compreende que assim seja.

A história mostra-nos que os países que, em cricunstâncias normais, não têm maiorias absolutas, alguns décadas a fio (Itália, Bélgica, Dinamarca, Israel etc...) se tornaram miseráveis e nada há capaz de os retirar desse estado de indigência.

Ao invés, países de mais frequente maioria absoluta, como Portugal e a Grécia, têm mostrado ao mundo as maravilhas da estabilidade política. Aliás, o País sentiu na pele a estabilidade "da outra senhora" e ficou, pelos vistos, com vontade de repetir.

Além de termos - com governos de maioria de um só partido - taxas de crescimento económico capazes de fazer corar Angola, o Brasil e a China, são sempre tempos de grande estabilidade efectiva.

O País precisa muito de estabilidade. As pessoas participam em excesso; a sociedade civil pulula de paixão e fervor cívicos. O povo português é pouco submisso ao poder. O Estado não assusta, nem condiciona os empresários.

Sim, que fiscalização precisam os governos em Portugal? Nenhuma. As coisas correm naturalmente bem.

Haverá países em que a estabilidade governativa torna o crescimento raquítico, deteriora as relações entre o Estado e o País, atira os povos para um cinzentismo sem rasgo, nem novidade. Tudo bem. Mas cá é impossível.

É claro que podemos todos dizer: vamos lá ser realistas. Um dinamarquês é muito diferente de um português. Para além da chancela de La Palisse, esta afirmação tem agora apoio científico: há um gene que os distingue e que torna o português carente de maiorias de um só partido.

3 comentários:

  1. E o nosso muito estimado Professor Vital Moreira já ontem tinha alertado para o facto. A ordem politico-partidária estabelecida depois do final da AD começa a ser posta em causa, com esta pulverização do eleitorado por cinco partidos.

    É de facto perigoso, sobretudo para a hegemonia do bloco central e para a "alternância democrática" (a. k. a., gira o disco e toca o mesmo). Talvez não seja pior começar a apressar a reforma do sistema eleitoral de modo a favorecer a criação de maiorias absolutas de um só partido, provado que está que o método de Hondt, conjugado com os nossos vinte círculos eleitorais, já não consegue dar conta do recado...

    De outra forma, qualquer dia, os Governos terão de actuar com base em acordos de incidência parlamentar; e onde é que isso já se viu?!

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