segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Civismo, Agricultura, Clareza

Este debate Jerónimo de Sousa - Paulo Portas foi mais uma lufada de ar fresco.

Ao fim de alguns anos habituados a estilos plásticos, estudados e mais ou menos sonsos (mais do que menos), este foi um debate entre pessoas de convicções e genuínas.

Por aqui, não há hologramas.

Por outro lado, o CDS e a CDU são, hoje, movimentos políticos capazes de falar dos temas que mais interessam aos portugueses e de fugir ao discurso do costume: expressões como "nacionalizações", ou "baixar impostos" puderam fazer a sua aparição sem os pudores ultra-vitorianos da união nacional do centro.

É verdade que também Manuela Ferreira Leite e Louçã se demarcam do centrão, mas a primeira ainda hesita e o segundo fica-se pela lógica do protesto, incapaz de construir sem destruir.

Discutiram sempre com elevação e respeito (no que outros têm, de facto, evidentes dificuldades de base) e, pasme-se, ouviu falar-se de agricultura, tema quanto ao qual há desde há muito uma conspiração e perseguição do centro esquerda.

O centro esquerda sabe que o eleitorado agrário não lhe interessa, antes preferindo concentrar-se nos grandes centros urbanos padecendo de problemas típicos de fenómenos centralizadores que geram tipos de mentalidades, tipos de necessidades, tipos de chavões.

Os debates ideológicos voltaram. Ainda bem. Já não há paciência para ouvir pragmáticos. Os pragmáticos foram os construtores do Portugal de hoje. São os reis do relativismo. E também já não há paciência para o relativismo.

O relativismo e a sua lógica de facilidade são o oposto da clareza e bem merece, quase sempre, que se diga "até aí, muito obrigado, também eu chegava".

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