terça-feira, 1 de setembro de 2009

Comemoração de 40 anos de terrorismo internacional

Mad Dog, como lhe chamou o Presidente Ronald Reagan, ou simplesmente Muammar Kadhafi, "O Coronel", decano dos líderes árabes e rei dos reis de África, nas palavras do próprio, terá celebrado ontem, em Trípoli, as comemorações do 40º aniversário da Revolução do Grande Al-Fateh.

Até aqui, nada de especial, tirando o rídiculo da pandemia de cartazes, outdoors e néones com a figura de Kadhafi espalhados pela cidade.

O pior vem a seguir, porque a vergonha e o despudor não têm limites. Luís Amado, "nosso" Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, vai assistir, em representação do Estado português (onde, infelizmente, me incluo) às ditas comemorações.

Pior. Muito pior. Em comunicado, Luís Amado teve o descaramento de dizer que, no âmbito do mesmo convite das autoridades líbias, «a Força Aérea Portuguesa participará no desfile aéreo, juntando-se a cerca de 90 aeronaves de vários países do Magrebe, África Subsariana, e Europa». Se era para dizer isto, mais valia estar calado. Se era para me envergonhar desta forma, então que não tivesse o desplante de abrir a boca.

Se o governo socialista anda a gastar dinheiro dos contribuintes portugueses nestas palhaçadas, manchando, com o sangue das vítimas do terrorismo de Kadhafi, o nome de todos os portugueses, então é tempo de o expulsar, de vez, da condução dos destinos do nosso País.

É que este beduíno, que agora é venerado pelos países europeus, jamais parou, desde que chegou ao poder do Governo libanês em 1969, através de um golpe militar que o depôs o rei Idris, de atropelar os mais elementares direitos humanos.

Acumulando, como seria de esperar, as funções de comandante-chefe das Forças Armadas e presidente do novo corpo governativo da Líbia, introduz de imediato uma política de nacionalizações, dentro do chamado socialismo islâmico. Reprimindo criminosa e violentamente os que a ele se opunham, manda fechar as bases militares norte-americanas e britânicas existentes no país e expulsa as comunidades judaicas.

É assim que Kadhafi se torna, paulatinamente, uma das personalidades mais problemáticas do nosso tempo, com sucessivos atropelos aos mais básicos e elementares princípios do Direito Internacional. Reflectindo as suas pretensões subimperialistas regionais, assume como natural a ingerência nos assuntos internos dos outros Estados, participando em vários golpes de estado fracassados no Egipto e no Sudão, como se não tivesse problemas suficientes na sua casa. Não satisfeito, impõe a participação das suas tropas na guerra civil do Chade.

Ao longo do tempo foi financiando despudoramente grupos extremistas de diversos países, que se encarregaram de desencadear desenfreadas operações de terrorismo no Ocidente, em especial contra o seu arqui-inimigo de sempre, os Estados Unidos. É neste contexto que Mad Dog aparece directamente ligado a um dos maiores atentados terroristas em território europeu, quando um avião da Pan Am explode sobre a localidade escocesa de Lockerbie (daí o nome porque é conhecido este atentado), matando 270 pessoas inocentes, a maior parte das quais americanas e britânicas. O seu nome está também ligado ao atentado numa discoteca berlinense, frequentada mormente por soldados norte-americanos. Acrescente-se ainda, por mera e pura curiosidade, que o Reino Unido cortou relações com Kadhafi em meados da década de 80, depois de uma mulher polícia britânica ter sido morta friamente a tiro, no exterior da embaixada líbia em Londres.

Pois é este mesmo senhor, protagonista de um deboche de sangue e terror irracional, que é agora tratado por "honourable" por Tony Blair, que não hesitou em apresentá-lo - ironias do destino - como "parceiro contra o Terrorismo". Foi um ministro deste mesmo senhor, um tal Mr. Shagam, que, em meados de 2004, à pergunta de um jornalista inglês - "And what about Lockerbie, do you accept responsibility?" - responde hipocritamente "We close the file".

Ficamos a saber que com um simples e criminoso "close the file", é possível a negociação com tamanho terrorista (solução, aliás, apresentada nessa altura pelo Dr.Mário Soares).

E foi com um simples "close the file" que os países europeus aceitaram participar nesta triste fantochada, comemorando, despudoradamente, 40 anos de terrorismo internacional.

Deixemo-nos de meias-palavras ou pudores politicamente correctos: não é mais legitímo continuar a fingir que se tenta estabelecer a paz, enquanto as multinacionais das armas, do petróleo, dos diamantes e afins, patrocinadas pelo Governo libanês, continuam a apostar nas guerras e no terrorismo.

Repugna-me profundamente tratar dirigentes como o Sr. Kadhafi como se fosse um legítimo e impoluto estadista, fingindo acreditar nas suas palavras vãs e ocas de arrependimento.

Urge é dizer, bem alto, ao coronel beduíno que o dinheiro não compra tudo. Que não é legítimo, nem à luz dos princípios judaico-cristãos, matriz da cultura europeia, nem à luz quaisquer outros princípios, matar centenas de pessoas e a seguir, como se uma conta de supermercado se tratasse, calar as famílias das vítimas com o pagamento de uma criminosa e suja indemnização.

Como já disse aqui, um dia, em relação a Mir-Hossein Mousavi, é preciso, isso sim e com urgência, tratá-lo como um sem escrupúlos, como um fora-a-lei internacional. Reconhecê-lo como terrorista. Tomá-lo como res non grata. Assumir, através da ONU, e sem medo, o direito à ingerência diplomática e militar. Proibi-lo de circular no mundo.

2 comentários:

  1. Escreves pouco. Sinal, sinais do(s) do(s) tempos) que vivemos? Mas, meu querido amigo, alguma vez respeitaste um "stop" para imaginar o que é ser o inquilino do Palácio das Necessidades? E mais não digo, porque a arte das "relações externas", dizia o meu Amigo António Portugal, tem virtudes e defeitos para todos os gostos. Vê (só) o papel do MNE Durão Barroso e do 1.º Cavaco Silva quanto a Angola...

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  2. Ainda bem que os comentários careccem de aprovação "superior"... Exame prévio?...

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