segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O regresso da política

A política está de volta - ou pelo menos estão criadas as condições para a sua chegada.

Doravante, as cábulas podem continuar a existir - ai de quem se arrogasse o direito de remover moletas alheias - mas não bastam.

O trabalho volta a ter de conviver com o talento puro. Não o talento preparado, mas o talento que não se prepara.

Está instalado um tabuleiro de xadrez, no qual se joga o futuro do País e importa saber jogar, jogar no bom sentido, daquela política rejeitada pelos pragmáticos - essa raça de incapazes.

O papel do BE, da CDU e do CDS são mais fáceis do que o do PS. Ao BE, à CDU e ao CDS bastará ser coerente.

Quando o PS precisar de governar de acordo com as exigências do mundo em que vivemos e para fomentar riqueza, terá o voto do CDS (que qualquer votante CDS aplaudirá); quando precisar de folclore fracturante, terá o voto da CDU e do BE (com o que qualquer votante à esquerda do PS exultará).

Sucede que o eleitor de esquerda não perdoará ao PS cada proposta aprovada com os votos do CDS. E o eleitor de direita jamais perdoará qualquer proposta que passe com os votos da CDU e do BE.

Em termos de recuperação do eleitorado mais "doutrinário", estamos conversados, é uma espécie de "que venha o Diabo e escolha". Se Portas usar o talento que tem, vai massacrar o PS em cada tendência esquerdizante e recolher os louros por cada medida sensata.

Resta a disputa do centro político.

Aí é que falta o PSD descer à terra e à trincheira, para lutar por esse centro. Tem de mostrar determinação e ter um discurso positivo.

O PSD já demonstrou ser capaz de "apanhar" o centrão com facilidade. Mas tem de mudar de registo e, sobretudo, de vontade. Não precisa de ser voluntarista, ou de querer "transformar a sociedade" (como os tubos de ensaio em que a esquerda gosta de nos transformar). Mas tem de ter "querer", querer fazer um Portugal diferente, mais livre, menos estadual, menos centralizado, menos colado ao poder, mais descentralizado na família, nas empresas, na sociedade civil, mais municipalizado, menos burocrático, mais rigoroso, mais seguro, mais rico.

Para isso, tem de ser capaz de não ter medo de afirmar as ideias que fazem falta a Portugal.

Ana Drago lançou o tema do Código do Trabalho e sua revogação como os dos propósitos do BE. Isto mostra bem a dimensão do equívoco da esquerda: acha que o emprego se defende na lei e não na economia...

Mas o BE não é o grande culpado do "complexo de esquerda" que há em Portugal. É só o grande beneficiado. O grande culpado do "complexo de esquerda" que há em Portugal é o PSD - sempre ai! ... e coisa e tal ... e às vezes é de centro de esquerda, outras é de centro direita.. enfim, em princípio mais de centro, mas muito social-democrata ... ainda que com tendências liberais.

Mas que é isto? O País mudou muito e o País precisa do PSD.

Mas precisa muito de uma Aliança Democrática, único modelo (na versão originária) capaz de salvar Portugal. E a má experiência pessoal do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa não chega para que assim não seja.

2 comentários:

  1. O País não precisa "deste" PSD. Definitivamente.

    Mas estou curioso por ver quem vai sair vencedor deste jogo de xadrez, quem vai ter força mental para o aguentar, quem vai usar melhor o seu jogo de cintura... Mas uma coisa me parece certa: o Eng Sócrates lida mal com a opinião alheia e as negociações não são a sua praia...

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  2. Eu diria que o País precisa de um PS/PSD porque politicamente ocupam o mesmo espaço, e que o CDS/PP ocupe finalmente o lugar que sempre foi dele, o Centro-Direita!
    Por isso discordo completamente de uma nova AD, ela iria mais uma vez asfixiar o CDS como o fez aquando da 1ª e o único beneficiado seria o PSD.

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