segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Jerónimo de Sousa - um político sério no meio de uma crise de valores

Por estas bandas estamos a anos luz dos comunistas, como de resto estamos dos socialistas.

Nada disso impede que aqui escreva a elogiar Jerónimo de Sousa, pelas mais diversas razões.

Antes do mais, está nos antípodas do holograma: é um tratado de autenticidade.

Em segundo lugar, percebe-se que é um homem que trabalhou a vida toda - sem rodeios, sem golpes, sem chico-espertices. Posso achar (como acho) que as ideias dele são erradas, mas são as ideias erradas de um homem que trabalhou a vida toda e não as ideias postiças de quem mais não fez do que recitar ideias postiças de outrem.

Em terceiro lugar, tem uma vida para além da política, que é uma virtude imensa num político. Não se pode confiar em alguém que nada é sem a política, que não tem curriculum se de lá for retirada a política.

Em quarto lugar, porque se vê que uma vida de luta não transformou Jerónimo num homem azedo, o que é muito curioso, porque não faltam em Portugal políticos que nunca trabalharam na vida e ainda assim são quase sempre azedos.

Jerónimo de Sousa pode dar-se ao luxo de ser pouco táctico. Faz muita falta um Jerónimo ao PSD e ainda mais ao PS e também daria muito jeito até ao BE e ao CDS. Não este Jerónimo, eventualmente um mix entre Jerónimo e Garcia Pereira... Mas lá que fazia, fazia...

Faz falta porque as pessoas, lá no fundo, sabem que entre "eles" de quem se diz que "andam lá" para "se governar" também há gente boa, gente bem intencionada, gente patriota.

É preciso fazer essa gente - que existe, dentro e fora da política - emergir por entre um mar de cromos que giram nas sedes partidárias e mesmo nos corredores de alguns debates televisivos "série B", com um discurso - que eu seja perdoado - tão risível como o ar que têm e com a substância de uma casca de tremoço vazia.

Não é por acaso que as pessoas gostam e respeitam mais Jerónimo de Sousa do que outros políticos melhor sucedidos em quem votam.

É esse o salto que falta dar em Portugal: não votar em que não se respeita, mesmo que se ache que esse alguém é competente (impressão, de resto, quase sempre invariavelmente errada).

Só assim se resolve a mais importante crise que há em Portugal - e que é uma crise de valores.

Se o leitor destas linhas está perplexo com o sentido das mesmas, resta-me afirmar que sou de direita, porventura tão clara e convictamente de direita aqui na Europa como seria de esquerda nos EUA (ou antes: da direita que está à esquerda da direita norte-americana).

Mas, como bem diz o povo - quem dera que fora tão sábio a votar como é quando não está a votar... - o cu tem pouco a ver com as calças.

E no nosso panorama político, Jerónimo está definitivamente mais próximo das calças.

2 comentários:

  1. Concordo inteiramente com a mensagem!
    Leio o vosso blog diariamente, desde que o descobri à um mês, e identifico-me com grande parte das mensagens que li, até agora.
    Um abraço desde Setúbal

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  2. Caro José,
    Muito obrigado pela simpatia da sua mensagem. Contamos com as suas visitas (concordantes, ou discordantes, pouco importa...).
    Um abraço para Setúbal

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