terça-feira, 1 de setembro de 2009

Moralismos de esquerda e da crise como resultado de um mercado libertário

Assisti à forma como João Semedo, do BE se dirigiu num debate televisivo a um deputado do CDS/PP, dizendo, entre outras coisas "tenham vergonha", isto a respeito da "crueldade social" daquele partido por determinadas restrições à atribuição ou manutenção do rendimento de reinserção (designadamente quanto aos condenados por crimes violentos).

Eis a praxis democrática do BE - "tenham vergonha". Vergonha por defenderem determinada posição política? Vergonha por não estarem com o BE?

Este estilo Albânia-anos-setenta que caracteriza o BE contém a arrogância de quem se acha iluminado e de quem, depois de anos e anos a assistir ao falhanço das realizações marxistas pelo mundo, usa, de modo conscientemente oportunista, a crise que o mundo atravessa para atacar "o mercado" - como se houvesse algum neoliberal em Portugal (em termos rigorosos, sem usar o critério do BE em que os neoliberais estão no PS e à direita do PS)...

O marxismo e "as esquerdas" (aquelas de que o BE fala) têm pouco a dar em resposta a esta crise, como tiveram pouco a dar em anteriores crises pelas quais o mundo passou.

A crise que vivemos não é uma crise do mercado, é uma crise de valores. Se a crise fosse do mercado, o Estado poderia ter um contributo interessante para a resolver. Mas não é.

Importa repensar o mercado à luz dos valores sob os quais queremos viver e a nossa ética civilizacional.

É que o grande problema é que o mercado adoptara, desde há muito, aquele tique de muitas das "esquerdas" de que a melhor receita é o relativismo e de que cada um tem a sua ética. Pois é...

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