quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Rico serviço

Cá vamos nós.

Um rico serviço, é o que vamos ter no Domingo...

Um governo foi marcadamente de esquerda (é incrível que tantos tenham achado o contrário...): nacionalizou, apostou no aumento da despesa pública e no aumento da receita fiscal, apostou nas questões fracturantes até onde pôde, subscreveu um Estatuto dos Açores anti-Cavaco, anti-Presidência, manteve a lógica educativa do combate ao chumbo, que manteve intacto o rendimento mínimo garantido (sem prejuízo da mudança de nome de baptismo). Se isto não é esquerda é o quê?

Nem se fale no Código do Trabalho, pois que mesmo com ele continuamos a ter uma das legislações laborais mais rígidas de toda a OCDE.

O governo começou por controlar o déficit aumentando os impostos.

A economia, eufórica, sobre o seu PIB em 1 %....

O governo, engatatão, aumentou os impostos mais um bocadito.

A economia, atraída, responde com um novo - mas não menos emocionado - aumento de 1% do PIB...

A convergência com a UE, atrevida, nem se intrometeu, tais os olhares de repulsa que governo e economia lhe lançaram.

Vieram os escândalos todos, uns atrás dos outros, o outlet, os projectos, o canudo, o andar.

O eleitor virou a cara, incomodado.

Chegou a crise, ai de nós, que estávamos a crescer tanto, governo e economia a passear na praia, cada um segurando 1% de crescimento do PIB na mão, a ver o sol a recolher a seus aposentos e eis que chega um tsunami capitalista a ameaçar a felicidade conjugal...

E pronto, o tsunami arrasou com o crescimento, tadinho que era pequenino, mas tão giro...

Que fazer? Que alternativas?

A senhora do PSD, ai que não pode ser, que defende a procriação, quer poupar e não é de grandes promessas, nem faz comícios - onde é que já se viu tanto (e tão grave) defeito junto...

O senhor do CDS/PP, nem pensar, que horror, acabar com o rendimento mínimo garantido, não poderem entrar todos os imigrantes que quiserem e logo nós que gostamos tanto deles que os alojamos sempre com amor e carinho na cintura industrial de Lisboa, e que quer baixar os impostos, perdendo o Estado dinheiro para distribuir igualitariamente abono de família por ricos e pobres...

O Sr. Louçã, que horror, que quer acabar com os rodeos e nacionalizar bancos. Como se atreve ameaçar o monopólio nacionalizador do PS. Toda a gente sabe que só pode nacionalizar quando se tem um Ministro das Finanças simpático...

O Sr. Jerónimo de Sousa, ai que também não pode ser, porque não, onde é que já se viu, até parece que estamos num País onde nos vimos e desejamos para tirar a coisa da caminhada para a sociedade sem classes da querira Constituição...

Claro que o que gostamos é do Sr. Eng.º, sempre tão elegante, sempre tão determinado, aquilo é que é, ainda por cima a aguentar tudo isto...

Mas como somos portugueses e somos sábios, vamos tentar chegar a Domingo e ter um governo sem maioria absoluta, que se aproxime do BE para a fractura e do CDS/PP para a factura, tudo para continuar a não haver fartura...

Cenário de pesadelo? Não. Só seria pesadelo se as relações Sócrates-Cavaco fossem más.

2 comentários:

  1. Quem se lembrar de oposição mais desastrosa que o actual PSD, por favor avive-me a memória...

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  2. É um pesadelo cada vez mais perto de ser tornar realidade.

    E concordo com o JRD: o PSD tem uma responsabilidade muito grande neste pesadelo.
    É que há mais demérito do PSD nos hipotéticos resultados de Domingo, do que mérito do PS.

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