segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O abismo

João Duque apresentou no "Plano Inclinado" (mais um serviço público prestado por Mário Crespo) um documento relativo a um curso de futebol no ensino público, dando equivalência ao 9.º ano e em que à matemática são dedicadas 45 horas anuais, contra umas impressivas 177 horas de "modelo de jogo".

No ensino público...

O nosso sistema educativo está a tornar-se uma tragi-comédia.

Anos e anos de maus ministros, execráveis órgãos colegiais na cúpula das escolas (a palavra "conselho", em Portugal anuncia quase sempre disparate), a inevitavelmente má participação dos paizinhos (que deveriam tratar de educar os filhos em casa em vez de atrapalhar na escola) e programas "pedagógicos" de gabinete colocam-nos sempre entre a gargalhada e a lágrima.

Daqui apresento, uma vez mais, exigências básicas, mas essenciais à qualificação das nossas crianças:

1. Apostar nas disciplinas essenciais - português, história, matemática, físico-química, línguas e, a partir de certa idade, filosofia.

2. Recuperar a autoridade dos professores e da escola - esquecendo o Estatuto do Aluno. O estatuto do aluno é o direito e o dever de aprender e o de respeitar professores e colegas - conjunto que dispensa a treta de um qualquer documento tipo Bloco de Esquerda.

3. Acabar com os conselhos directivos - modelo PREC de adaptação das "comissões de moradores" à escola e recuperar o conceito de director único (se se chamar "Reitor" tanto melhor).

4. Recuperar a cultura do trabalho e do esforço com base da aprendizagem. Se existir prazer intenso no processo de aprendizagem, tanto melhor, mas o prazer é essencial em outras coisas que não a educação.

5. Insistir nas línguas estrangeiras e nas tecnologias, mas sem esquecer os pilares básicos da educação de um aluno nascido em Portugal: dominar a matemática, a língua portuguesa e conhecer as nossas história e geografia.

6. Se não sabe, "reprova", palavra de que não se deve fugir, porque faz parte da vida.

7. Telemóveis, pastilhas elásticas ficam "à porta" e a violência contra os professores só pode ser objecto de sanção disciplinar, que não pode deixar de ser a da expulsão, ou da reprovação. Um País que permite que um aluno que agride um professor fique na escola e possa ter aprovação no final desse ano que tipo de País é? Que tipo de educação dá? Que tipo de futuro tem?

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