sábado, 7 de novembro de 2009

A política e o diálogo

Poucas palavras poderiam ser, em termos políticos, mais desajustadas e mais irritantes do que a palavra "diálogo" e não é só por termos presentes as criaturas que dela usam e abusam.

Não senhor.

É que o conceito de "diálogo" na política é um conceito hipócrita e parolo.

É hipócrita porque na política ninguém quer dialogar. Quem diz que quer, mente. Porque haveria um político, que tem um projecto de poder que deseja implementar, querer dialogar com outros seres que querem o mesmo, mas com um programa diferente?

O que um político deveria querer, quer em minoria, quer em maioria, é "negociar", para bem da Pátria, no sentido de conseguir passar as medidas que tem como as melhores, ou então no sentido de bem implementar as medidas que consegue facilmente aprovar em maioria absoluta.

Negociar, claro está, no bom sentido, na grande política ... com a face sempre desvendada.

O político "dialogante" é, por isso, um fingidor, que acaba por ser o último a negociar. Se não fingisse, dialogava menos e negociava mais.

É um conceito parolo porque é um conceito para "inglês ver" (não desfazendo nos ingleses) e já se sabe que tudo o que é para "inglês ver" é, por natureza, parolo. Por isso (mas não só por isso) é que o Algarve é a região mais parola de Portugal.

Há muitos parolos na política. Estão em todos os quadrantes, mas concentram-se muito no centro esquerda, pela mania fácil do "moderno", do "jovem", do "progresso", da pseudo-"tolerância" de impor aos outros "o que está a dar", do que "não é quadrado", do "diálogo".

Chamberlain era um parolo arrogante que se fartava de dialogar. Churchill não era, nem estava para diálogos, mas ganhou a guerra e para isso teve de saber negociar.

Se a forma menos parola de apertar o casaco de um fato é apertá-lo independentemente do conselho de outros, a melhor forma de governar em minoria é negociar muito e dialogar pouco.

Se não estou em erro, diálogo vem do grego e negócio do latim.

De quem está no governo espera-se que seja mais romano do que grego. É que à custa de muitos arrogantes dialogantes, há tempo demais que nos vemos todos gregos.

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